quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Após denúncia, ossada de animais é encontrada em campus no RS


Vídeo exibido pelo Jornal Nacional mostra sacrifício de animais em 2008.
Novo inquérito será aberto para investigar ossada achada no campus.

Um dia depois de as imagens do sacrifício de animais registradas em um hospital veterinário da Ulbra serem exibidas no Jornal Nacional, representantes da universidade registraram ocorrência da descoberta de uma ossada no campus de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Um novo inquérito será aberto sobre o caso, já que a ossada parece ser recente, segundo a polícia. As mortes ocorreram em 2008 e são investigadas pelo Ministério Público, pela Polícia Civil e pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul.
O advogado Ricardo Medeiros e diretora do hospital, Cristina Zaffari, estiveram na 3ª Delegacia de Canoas na manhã desta terça-feira (20) e entregaram fotos. "Acreditamos que este material foi plantado no local para incriminar a universidade", disse o advogado ao G1. A polícia enviará uma equipe até o campus para conferir a denúncia. Segundo a delegada Sabrina Deffenti, que investiga o caso, um representante do Ministério Público descobriu a ossada em local indicado pelo ex-funcionário do hospital que gravou as imagens dos sacrifícios de 2008 em seu telefone celular.
"Hoje pela manhã nos chegou a informação do secretário de diligências do MP, de que na ossada havia animais recentemente descartados no local. Não acredito que este material tenha sido implantado no local, até porque essa diligência do MP não era conhecida e foi realizada na tarde de segunda-feira (19)", explicou a delegada ao G1. As denúncias foram exibidas com exclusividade na noite de segunda. No novo inquérito, também será investigado se houve crime ambiental no descarte dos animais.


Nas imagens, os animais aparecem recebendo injeções de uma substância chamada T61, usada em eutanásia de bichos. Depois de receber a dose, os animais agonizam por vários minutos. Um deles, que aparece nas imagens, é imobilizado antes de ser sacrificado. Depois, ainda leva chutes de um funcionário do hospital antes da aplicação da nova dose da substância. Algumas injeções foram aplicadas por funcionários da limpeza, o que é proibido por lei.
 Em um telefonema gravado, uma professora conversa com um destes funcionários para tratar do sacrifício de Faísca, um vira-lata que era mascote dos alunos do curso de Veterinária da universidade.
Segundo o funcionário que gravou a conversa, a voz é da professora Carla Koeche, que em 2008 era vice-diretora do hospital. Ela nega envolvimento no caso. “Nenhum desses sacrifícios, essas eutanásias, foram realizados com alguma deliberação, com alguma autorização de algum diretor, de alguma chefia de dentro do hospital veterinário”, diz a veterinária.
Além de Carla, foram indiciados a diretora do curso de Veterinária da época, Norma Rodrigues, e um professor da faculdade, Carlos Petrucci. Atualmente, Norma é vice-presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Rio Grande do Sul (Simvet). Ela diz que não sabia que os animais eram mortos. “Nós tinhamos toda uma atitude em relação ao bem-estar dos animais. Então era impossível que dentro de um projeto, um programa desses, tivesse isso aí”, alega.
Petrucci era membro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), mas foi afastado esta semana por causa das investigações. Ele também nega participação.
Autores dos vídeos, os funcionários João Cláudio Arce da Silva e Enéas Wink também foram indiciados. João Cláudio alega que recebeu ordens dos dirigentes do Hospital para exterminar com os cães. Winck não foi localizado pela reportagem. Todos os acusados vão responder apenas pelo crime de formação de quadrilha. A pena é de até três anos de prisão. Por maus-tratros eles não podem mais ser julgados porque o crime, cometido em 2008, já prescreveu.
Para a polícia, o motivo do sacrifício foi a grande quantidade de cães na instituição, mas ainda não se sabe quantos foram mortos. “Em função do grande numero existente dentro daquela insituição e em função do barulho que causavam, enfim, era determinado o sacrificio dos mesmos”, explica a delegada.
A Ulbra afirma que só soube do caso este ano porque os funcionários envolvidos ajuizaram uma ação trabalhista contra a instituição e anexaram o vídeo como prova de um suposto “desvio de função”. “A palavra que pode ser dita é repugnância. E essa repugnância então ensejou essas duas denúncias, tanto ao Conselho de Ética quanto ao Ministério Público, para verificar se a autoria e os fatos sao verídicos e dar os encaminhamentos penais devidos a cada um dos que cabem receber punição por aquilo que fizeram”, afirma o assessor jurídico da Ulbra Jonas Dietrich, que denunciou o caso ao Conselho de Medicina Veterinária e ao Ministério Público.
Todos os envolvidos não trabalham mais na universidade.

Fonte: Portal G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário